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sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Fauvismo _ uma libertação genial

FAUVISMO

Por que o fauvismo era genial?

Os artistas deste movimento não se preocupavam com os aspectos da composição na pintura, nâo porque não tinham estudo ou prática de Desenho e Pintura Acadêmica ou Clássica, mas porque pois sabiam que, na verdade, com as qualidades expressivas que a interpretação individual causa nas pessoas, é que a Arte é, de fato, reconhecida e sentida pelo povo que se torna expectador da obra.

Já esteve diante de um quadro maravilhoso, de um artista famoso, uma obra célebre. de quem os curadores falam e babam, e as pessoas têm que gostar, ainda que não lhes diga nada de especial, porque é o que foi imposto para elas, pois isso é cultura?

Então, é exatamente essa a sensação que como artistas eles conheciam bem e por isso queriam romper com toda a baboseira cultural imposta ao público. Eles disseram, "chega" aos academicistas (ou acadêmicos) com a sua nova proposta.

Lembro que quando eu estudava arte, o meu professor, me repreendia pelo uso das cores puras. E eu dizia: _ As cores existem e foram feitas para se usar!

Os fauvistas, que foram comparados à feras, pelo crítico de arte Louis Vauxcelles comprovaram esse ponto, quando, em Paris, no Salão de Outono, o público tinha à sua disposição uma única obra clássica, mas, de fato, se encantou com a profusão de cores puras e linhas simples, sem o compromisso com técnicas elaboradas, realismo ou a perfeição.

Eram artistas e como tal podiam manusear a realidade o quanto desejassem para expressar a coisa vista e a coisa não vista.

O objeto se transformava em arte pela livre expressão destes artistas livres.

No Fauvismo a interpretação é simples e clara, ela torna a arte algo acessível à todos e não a um público dominante e selecionado dentre as classes mais abastadas.

O Fauvismo nasceu em 1901, na França, precisamente em Paris, como dito antes, todavia, ele só foi reconhecido como uma corrente artística, ou movimento, em 1905, cerca de quatro anos depois que fizeram a primeira aparição pública no "Salão de Outono", em Paris. No ano seguinte, em 1906, já com outros artistas que aderiram à classe, eles organizaram uma exposição no "Salão dos Independentes" e foi nesse que o grupo recebeu o nome 'Les Fauves', a expressão francesa que significa “as feras”.

Os artistas foram chamados de "feras", ou "selvagens", quando o pomposo Louis Vauxcelles (1870-1943), presente a exposição, tentou descrever a sensação que sentiu ao observar uma única obra clássica cercada pelas pinturas fauvistas do salão.

Evidentemente, não se ofenderam, pois certamente esperavam pelas provocações. Sem medo de enfrentar os cânones tradicionais da arte, o Fauvismo constituiu-se como num estilo de pintura da arte do equilíbrio, da pureza, da exaltação dos instintos e das sensações vitais, constituído pelas impressões visuais impetuosas dos artistas em suas telas.

Além disso, o Fauvismo evitou os temas mais deprimentes. A arte fauvista não expressa o que deprime ou oprime a alma do ser humano. È alegre, é bela, é colorida, é apreciada pelos de pureza infantil. O Fauvismo relegou ao segundo plano aspectos como a construção matemática da forma e do conteúdo, buscando apenas representar assuntos leves e alegres, sem conotação política ou crítica, afinal a arte não tem que se moldar ao espírito coletivo, mas, sim, ao individualismo, a essência e percepções de cada um, como ser.

Como então identificar entre as características mais marcantes o artista do movimento fauvista: o fauvista utiliza de cores puras, nada de misturas, cinzas, pretos, cores inventadas e que não estão na natureza.

Usa o emprego arbitrário da cor. O fauvista não tem combinações e níveis cromáticos, usa livremente as cores primárias, secundárias e terciárias e simplifica as formas, evitando angulos perfeitos e matemáticos, linhas pensadas e trabalhadas, evita a reprodução fotográfica. O fauvista não tem compromisso com a representação fiel à realidade, afinal a arte é recriar o que se vê de forma artística e não reproduzir uma foto pintada. O uso de cores fortes e vibrantes como  a secundária violeta, ou roxo, o verde, o laranja, também secundária e as primárias, amarelo, azul e vermelho são utilizadas de modo arbitrário e sem correspondência da escala ou círculo cromático. Para os fauvistas, estas cores, sempre em seu estado puro, simplificam as formas, delimitando e modelando o volume, por meio de uma gradação imperceptível ou inexistente de matizes de cor.

Outro aspecto importante são as pinceladas largas e espontâneas, com as quais os artistas fauvistas usando as cores, delimitavam os planos e criavam a sensação de profundidade de suas obras.

Pelo uso da cor e desprezo pelas marcações realistas, tem a influência da arte primitivista, onde o Homem expressava sua arte, segundo o seu desejo e molde natural, como um esboço da figura real, uma prévia do panorama de uma pintura final. Para o fauvista, o ser humano e capaz de identificar o objeto segundo suas linhas e cores, não havendo a necessidade de maiores efeitos para a sua interpretação. De fato, com linhas dedutíveis, nem sempre completas e figuras  assimétricas, os quadros pintados pelos fauvistas podem ser imediatamente identificados por qualquer ser humano, pela beleza das cores e a simplicidade de linhas. O Fauvismo é um movimento de influência da arte pós-impressionista.

Apesar de não ser uma corrente artística coesa e organizada, o Fauvismo reuniu artistas que compartilharam características comuns nas suas pinturas durante aquele período importante da História da Arte e do mundo, que se desenvolvia e se industrializava ainda mais.

Dentre os nomes que influenciaram o movimento Fauvista, estão Raoul Dufy (1877-1953), Paul Gauguin (1848-1903), Van Gogh (1853-1890), Henri Matisse (1869-1954 ), Paul Cézanne, que muitos confundem com pintor impressionista, na verdade, ela era fauvista (1839-1906), Georges Braque (1882-1963), que adaptou o seu pontilhismo à técnica fauvista, Albert Marquet (1875-1947), Andre Derain (1880-1954), Jean Puy (1876-1960), Kees Van Dongen (1877-1968), Maurice de Vlaminck (1876-1958), e outros na Europa. 

No Brasil, tivemos, sim, fauvistas, e ainda temos! Dentre os brasileiros na História da Arte, temos muitos nomes, embora a adesão em terras brasileiras, tenha sido menor que na Europa, onde se deu o seu ápice, mas, de qualquer forma, é fato que, ainda hoje, as características do Fauvismo podem ser vistas em muitas obras de artistas nacionais.


E o o Fauvismo não influenciou apenas o cenário artístico brasileiro. Ele também esteve e está presente nos principais aspectos dessa corrente, vistos em outros estilos de produção e em artistas nacionais ou ao redor do globo. Isso mostra que embora seja mais lembrado o Classicismo, o Romantismo, e outros movimentos, como o Impressionismo e o Expressionismo, o Fauvismo teve e tem sua importância até hoje.

Dos nomes brasileiros a engrossar alista dos fauvistas, tivemos Arthur Timótheo da Costa, um dos principais artistas do fauvismo no Brasil, que com suas pinceladas fortes, cores vivas e elementos vibrantes e emotivos, atestou o primitivismo presente da natureza, deixando belas obras na memória artística brasileira. Alguns críticos não consideram Arthur Timóteo um fauvista, mas, observando as obras de Paul Cézanne, pode-se ver que a influência fauvista é a tônica do trabalho de Arthur.

Outro artista do Fauvismo no Brasil, que utilizava algumas características do estilo, foi Mário Navarro da Costa. Entre os exemplos de pinturas que carregavam esses atributos de cores fortes e linhas não muito definitas ou exatas, está o quadro “Porto de Leixões”, executado pelo pintor, mas o que realmente pode ser sem medo, classificado como fauvista sim, sem sombra de dúvida e que é válido iapesar dos dois artistas supracitados trabalharem bastante com características dessa corrente, o mais conhecido do Fauvismo no Brasil foi Inimá José de Paula.

A obra, a seguir, é de sua autoria e representa, de maneira intensa, o fauvismo no Brasil, ao contar com cores vibrantes e apresentar temática leve.


Andre Derain


Henri Charles Manguin


Georges Braque


Henri Matisse

H.Matisse, Madame Matisse, sua esposa.


Henri Matisse


Maurice de Vlaminck


Albert Marquet


Matisse


Andre Derain



Paul Gauguin


Paul Cezanne


Edward Munch


Franz Marc, auto retrato


Franz Marc


Franz Marc


Franz Marc, Ovelhas


Paul Cezanne, Uma Olympia Moderna



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A arte de Anna Cossant _ Cavvalet ©