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sexta-feira, 2 de outubro de 2020

A arte do Shuimohua



A arte do Shuimohua (ou Sumi-e Japão e 수묵화, Korea):

Ao contrário do que muitos pensam, a arte do Sumi-e é uma técnica de pintura oriental chinesa. O Shuimohua (水墨畫) surgiu na China no século II da Era Cristã e algum tempo depois, essa técnica foi levada da China para o Japão, onde o shuimohua, se tornou, lingüisticamente, o sumi-ê tornando-se mais conhecido.  Já a palavra sumie, ou sumi-e, tem raiz japonesa e significa 'pintura com tinta' (墨絵) ou Suiboku-ga (水墨画) é muito treino, grande habilidade e concentração. Não se trata de uma arte onde se risca o desenho, mas ele é criado no próprio movimento do pincel, dando às pinceladas a realidade das formas, de maneira rápida e precisa, segundo a habilidade e talento do desenhista. Na Koreea, é chamado a arte do sumughwa 수묵화.
  
Para se fazer um shuimohua (ou sumie), é preciso treinar, e dependendo do aluno, por muitos anos, pois, trata-se de uma arte que exige precisão no manuseio do pincel e da tinta, o que requer atenção e paciência, por isso, os chamados mestres, só atingiam este estágio, após muito tempo treinando. 
Além disso, o material usado pelo artista é bem limitado, ele dispunha de pincéis (alguns de crina ou pelo do rabo dos cavalos),uma tinta especial parecida com o nanquim e a tintura expelida pelo polvo ou lula, e papel artesanal à base do cereal arroz.
 
O Shuimohua, 수묵화 sumughwa, ou sumi-e, não tem ligação com a pintura praticada no ocidente. Essa arte é uma fusão de desenho com elementos de caligrafia, o que também é uma arte para os orientais, pois os kanjis, ou ideogramas, tanto na lingua chinesa quanto na japonesa, são representados por desenhos, onde um só símbolo, muitas vezes representa uma palavra inteira do ocidente. Segundo, porque o artista deve passar sua mensagem de modo resumido e sem equívocos ou delongas. Daí a dizer-se, tanto no oriente quanto no ocidente, que essa é a arte do essencial. Talvez para atingir essa simplicidade, é que o sumi-ê é basicamente monocromático, algumas vezes, tendo um toque de cor pura, principalmente, as cores primárias do azul e vermelho em alguns detalhes, para dar uma nova vida ao trabalho sem sair da criação original e tradicional, e também em muitas pinturas antigas, há tons de verde e ocre.

A representação do tema importa menos do que a composição do trabalho. Na composição, que segue regras bastante rígidas, o artista revela o seu pensamento, a sua essência, na elegância do traço e principalmente a harmonia que deve existir no seu interior e nos componentes do seu trabalho.

No Brasil, a introdução da arte do shuimohua data de 1812, quando a imigração chinesa 1812, que antes estava em Macau, chegou com pessoas ligadas à monarquia brasileira, na época do reinado de D. João VI, com a vinda dos chineses para introduzir o cultivo de chá no país. Eles iniciaram as primeiras lavouras experimentais no Jardim Botânico do Rio de Janeiro e na Fazenda Imperial de Santa Cruz, sendo esta arte trazida pelos prováveis adeptos da pintura entre estes.

Já, mais comumente chamada no Brasil, a arte do sumi-ê, talvez tenha sido difundida a partir do trabalho de Massao Okinaka, pintor japonês nascido em Kyoto em 1913, que chegou ao Brasil em 1932 e que se radicou em São Paulo. Massao ensinou a técnica a seus alunos, até que faleceu no ano de 2000. Por muitos anos, ele manteve classes de alunos interessados em aprender essa técnica milenar, entre os brasileiros nativos.

Pinturas conhecidas, e algumas, sem a data específica, continuam agradando aos olhos e aos corações dos apreciadores das belas artes.



Tang Yin (1470-1523)



Wang Hui, artista chinês, 1622-1722


Li Sixun, artista chinês




Ma Lin, atista chines, Aroma de primavera após a Chuva



Saimdang Shin, a primeira mulher notória das Artes na Korea, mãe do filósofo Yi I  (1504-1551).



Viagem dos Sonhos à Terra dos Pessegueiros em Flor, de An Gyeon (Gado), período Joseon_Korea.


An Gyeon - Cheonboguyeo, período Joseon (Korea)


Cachorrinha com Filhotes Yi Am, período Joseon, Korea.



Saimdang Shin _ Flores, Insetos, Melancias e Ratos (Cho-Chung-Do)


Saindang Shin (1504-1551) Korea



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A arte de Anna Cossant _ Cavvalet ©