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sábado, 5 de setembro de 2020

Cubismo


CUBISMO

Os"ismos" vieram para sacudir o mundo artístico. Vale perceber, pois não é difícil, que o pintores do impressionismo, expressionismo, fauvismo, cubismo, futurismo e outros ismos têm tudo em comum. Eles têm formas e cores.
 
Ao se pensar em cubismo, relembramos algumas obras de cores austeras, que vão do branco ao negro, passando às nuances de cinza, não necessáriamente 50 tons, e com uma pitada de havana esmaecido, um ocre opaco ou um suave tom de castanho. Mas o cubismo não se resumiu a isso. Essa tímida entrada de uma nova proposta com cores acadêmicas não durou muito. E o cubismo resplandeceu com muitas cores, e puras, como a dos fauvistas.

Pablo Picasso, assim como George Braque, seguiram a lição de Cézanne, dando inicio à geometrização dos elementos da paisagem e do uso das cores puras e vibrantes. Sim, Cézanne. 

Mas...Você aprendeu que Cézanne era impressionista? Por causa da contemporaneidade com outros impressionistas e o traço não realista. É, mas também ouviu falar que Cézanne era fauvista. Por causa das cores fortes, quase puras, principalmente ao pintar paisagens com um verde quase puro e um ocre avermelhado vibrante e fazer uso do roxo e do amarelo. Verdade. Por isso, eu digo que os "istas" são da mesma família.

Alguns artistas passearam entre movimentos da Arte. Por isso, essa concepção é comum. Mas, historicamente falando, quando pensamos em um artista que, conhecidamente, transformou o desenho do objeto em linhas geométricas, porém assimétricas, foi Cézanne. Sua maçã e seus pêssegos não eram redondos, e seus vasos de flores tinham formas fragmentadas.

Por isso, é normal dizer que o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Para Cézanne, a pintura não podia desvincular-se da natureza, tampouco copiava a natureza; de fato, a transformava. 

Paul Cézanne, deixou a explanação a respeito quando disse e foi registrado, que _ “Mudo a água em vinho, o mundo em pintura”. E era verdade. Em suas telas, a árvore da paisagem ou a fruta da natureza morte não eram a árvore e a fruta que conhecemos – eram a pintura. Essa é a verdadeira arte. Não a que imita ou copia um registro igual ao da natureza, um registro idêntico ao que vê o olho humano, mas a que é criada sobre as coisas que se vê e conhece no mundo em formas e cores transformadas.

Na sua pintura, as referências exteriores que as identificavam como árvore ou fruta, eram um fato, podia entender de imediato que tratava-se destes modelos, mas, elas adquiriam uma outra substância: eram criações do mundo pictórico na visão do artista e não do mundo natural, como numa foto, uma representação igual ao que se vê. Por isso, não é raro se dizer que Cézanne pintava numa zona limite, ou seja, na fronteira da natureza e da arte.


Quando George Braque enviou alguns quadros para o Salão de Outono de 1908, onde Henri Matisse, como membro do júri, os viu e comentou: “Ele despreza as formas, reduz tudo, sítios, figuras e casas, a esquemas geométricos, a cubos”. Essa frase, citada por Louis Vauxcelles, o mesmo pomposo crítico irônico de arte, que nomeou como os 'Les Fauves', (ou feras), os artistas que em meio a uma única peça de arte acadêmica, ou chamada clássica, apresentaram obras de cores puras, sem traço ou forma com comprometimento com a realidade, mas que no entanto, chamavam a atenção do público, e caíam no gosto da visão de uma criança. A arte feita para se ver com o coração, não com a teoria dos eruditos.

O artista cubista tenta representar os objetos em três dimensões, numa superfície plana, sob formas geométricas, com o predomínio de linhas retas. Não representa, mas sugere a estrutura dos corpos ou objetos. Representa-os como se movimentassem em torno deles, vendo-os sob todos os ângulos visuais, por cima e por baixo, percebendo todos os planos e volumes.

Num períodico da época, o Gil Blas, em 1908, descreveu o cubismo que foi criticado segundo a reação de Vauxcelles, e por fazer direta insinuação ao cubo, o que de fato parece, este ficou sendo o nome dado ao movimento.Todavia, o cubismo não parou no exemplo de Cézanne. Os artistas adeptos do movimento passaram a representar os objetos com todas as suas partes num mesmo plano.  Sem dimensões. É como se eles estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os objetos não tinha nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas. Bem a linha das feras, ou os fauvistas.

Para mim, e para alguns, com certeza, Vauxcelles é a prova de que o preconceituoso querendo atrapalhar, dá a ferramenta exata para que haja uma novidade, uma criação, uma transformação em algo já tradicionalmente estabelecido na sociedade.

Como principais características da pintura cubista, é notório que há uma geometrização das formas e volumes; existe a renúncia à perspectiva (às favas! _ não fauves) e na composição em, no máximo, duas dimensões;
a técnica sobra e luz, ou, claro e escuro perde sua função para dar uma representação do volume colorido sobre superfícies planas. No cubismo há preferência pelas linha cortadas, cruzadas e aleatórias. O espectador tem a sensação de estar vendo uma escultura e não uma pintura. Por muitos foi chamada de "pintura escultórica".


Depois de Cézanne e seus seguidores, na fase cezannista ou cezaniana que durou de 1907 a 1909, ou seja, a fase da Influência do francês Paul Cézanne, o cubismo se dividiu em duas fases distintas, que sabemos, é a do Cubismo Analítico, iniciada em 1909, caracterizado pela desestruturação da obra em todos os seus elementos, decompondo a obra em partes. 

Nesse caso, o artista registra todos os elementos em planos sucessivos e superpostos, procurando a visão total da figura, antes examinada em todos os ângulos simultâneamente, através da fragmentação dela. Essa fragmentação dos seres foi tão grande, que se tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura nas pinturas cubistas.  Isso pode ser constatado em algumas obras de Pablo Picasso, por  exemplo, antes da fase da cor, quando a cor se reduzia aos tons de branco, castanho, cinza e preto.

Já em 1911, o chamado Cubismo Sintético, fez seu debut, com uma excessiva fragmentação dos objetos e em desmembramento de sua estrutura. Resumindo, essa tendência procurou tornar as figuras novamente reconhecíveis. Também chamado de "Colagem"  porque introduz letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e até objetos inteiros nas pinturas. Essa inovação pode ser explicada pela intenção dos artistas em criar efeitos plásticos e de ultrapassar os limites das sensações visuais que a pintura sugere, despertando também no observador as sensações táteis. Foi a mãe, ou melhor, o "pai das instalaçôes" contemporâneas.

Como artistas ligados ao cubismo, lembramos sempre de Pablo Picasso, nascido em 8 de abril de1881 e falecido em 1973, com um fato curioso e emocionante, envolvendo o cubista: tendo, Picasso, vivido 92 anos e pintado desde muito jovem, até próximo à sua morte, passou por diversas fases: a fase Azul, entre 1901-1904, que representa a tristeza e o isolamento provocados pelo suicídio de Casagemas, um velho amigo de Pablo, são evidenciados pela monocromia e também representando para ele, a miséria e o desespero humanos. Depois, ele teve a fase Rosa, entre 1904-1907, um Picasso apaixonado, o amor por Fernande, origina muitos desenhos sensuais e eróticos, com a paixão de Picasso pelo circo, iniciam-se os ciclos dos saltimbancos e do arlequim. Depois de descobrir as artes primitivas e africanas compreende que o artista negro não pinta ou esculpe de acordo com a tendência de um determinado movimento estético, mas com uma liberdade muito maior. Então, inspirado, Picasso desenvolve uma verdadeira revolução na arte, em 1907, pintando Les Demoiselles d’Avignon, que esteve até um tempo escondida em seu atelier, como um "experimento" e que deu muiuto certo. Com elas, Picasso começa a elaborar a estética cubista que, como vimos, se fundamenta na destruição da estrutura e harmonia clássica das figuras e na decomposição da realidade. Essa tela subverteu o sentido da arte moderna, com a declaração de guerra em 1914, e chega ao fim a aventura cubista. Chega ao fim? Não! Esses traços viveram para sempre nas obras de Picasso.

Quando, em 1937, a obra Guernica foi mostrada pela primeira vez na Exposição Internacional de Paris, houve mais um avanço da arte. A tela Guernica, na verdade um painel, foi concebido e executado com grande rapidez em seu estúdio em Paris. Picasso pretendia que seu quadro fosse uma denúncia contra a s mortes que estavam destruindo a Espanha, na terrível Guerra Civil que foi de 1936 até meados de 1939, e contra a perpétua desumanidade do Homem com o seu próximo. Nada mudou, não é?

A motivação de sua pintura, foi imediata, e reproduzida no quadro. Essa razão, a essência da pintura, foi o sofrimento causado pela destruição de Guernica, capital da região basca, no dia da feira da cidade, em 26 de abril de 1937. Durante o dia, os aviões nazistas, sob as ordens do general Franco, atacaram a cidade indefesa. De 7 mil habitantes, segundo dados levantados, de 1645 a 1954 foram mortos e 889 ficaram feridos.

Outros artistas que foram ligados ao movimento e deixaram obras memoráveis são: Entre os artistas plásticos, Juan Gris, que em 1914, pintou o  Homem no Café, Paul Gauguin, Georges Braque, como já falamos anteriormente, junto com Cezanne, Fernand Léger, Lyonel Feininger, Kazimir Malevich, Umberto Boccioni, Diego Rivera, Robert Delaunay, Piet Mondrian, para falar alguns, e aqui no Brasil, alguns pintores que usaram a técnica, como já explicamos antes sobre as classificações e atribuições feitas à artistas, mas não se pode dizer que tenham sido exclusivamente cubistas, foi a Tarsila do Amaral, o Vicente do Rego Monteiro, o Di Cavalcanti, Juarez Machado, a Anita Malfatti, entre outros.





Albert Gleizer




Alexey Von Jawlinsky



Anita Malfatti



Pablo Picasso



Auto Retrato, Picasso



Roger de La Fresnaye


Juarez Machado



Juarez Machado



Juarez Machado




Roger de La Fresnaye



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A arte de Anna Cossant _ Cavvalet ©